há 4 anos... (10... 14 anos)
"And the band plays on - 10 anos de dueto
Viste-me pela primeira vez era Verão. Viste-me, sim, que eu não reparei em nada nem ninguém. A faculdade tinha sido uma decepção. Como sempre, ponho expectativas demasiado altas nas coisas. Resolvi deixar de molho as Belas Artes, durante um ano, e entreter-me com outra coisa, e de preferência que rendesse algum dinheiro. Na altura, proliferavam cursos subsidiados pela CEE. "Vitrinismo" - não vou mais longe, vamos lá aprender a decorar montras e interiores.
O Verão nesse ano de 94 foi um bocado complicado. Andava meio à deriva, fiz o inimaginável...
Reencontrámo-nos um ou dois meses depois. Continuei sem reparar em ti, apesar de te ver diariamente. Um dia, sem saberes nem dares conta disso, lançaste-me um anzol. Tanta fricção não poderia ter dado noutra coisa... Acho que sempre foram assim as minhas paixões. Desdém, desdém, desdém, e trás, compra! "Playing hard to get" sempre me esteve no sangue, é feitio, não é defeito. Depois de uma declaração tempestuosa do Edson - "Estou obcecado por você" com sotaque brasileiro! - (uma pessoa oferece a mão, querem logo o corpo todo), eis que percebo o que não quero, e o que tinha andado a querer há semanas.
Sempre me foi difícil expressar o que sinto, falando. Mas no papel (whatever a sua forma ou material) dispo-me com o maior dos despudores. E foi assim, num fim de tarde de um qualquer dia de semana, que te deixei um pedaço de papel escrito - dentro de um livro, se não me falha a memória - e, ainda com algum pudor, nele transcrito: a man is in love... and he's me. E mainada!
Calculei que tivesses dado por ele, pois apanhaste-me à saída e pregaste-me um beijo. "Bem me parecia que vocês estavam juntos!" diz, subtilmente, o formador do módulo que então decorria, quando se preparava para entrar no elevador. Pelos vistos, toda a gente sabia, menos nós. Ou eu.
"Playing hard to get". Assim continuei durante mais algum tempo, agora já com alguma consciência disso, confesso. Sexo, aquilo que tu mais "apreciavas" - foram essas as palavras que me fizeram reparar em ti - foi coisa a que não tiveste acesso imediato. Nem a isso, nem a tanta outra coisa em mim, de mim. Foi um risco que corri, disseste-o várias vezes, mas antes no início, quando ainda está tudo muito superficial, do que depois. Ei!, 20 anos, que querias?!
E parece, ou melhor, definitivamente, o risco valeu a pena. Dez anos, um terço da minha vida dividido por ti, em ti, contigo. Com todos os clichés possíveis e imaginários...
Sempre me fez confusão aquela fórmula do 1+1=1 (afinal, era eu que queria ser pai solteiro!), mas de facto acabamos necessariamente por nos moldar, em conjunto, por nos fundir de uma ou outra forma. Fizeste-me mais forte, confiante, fizeste-me gostar de mim como eu não sabia, e consequentemente gostar do mundo à minha volta. Gostar a sério, sem barreiras. Ganhaste-me, fizeste-me ganhar-te, quando quase me perdi, nos perdi. Mais do que uma vez.
Não há pauta, as notas escrevem-se à medida que tocamos. Desafinamos por vezes, ninguém é perfeito, muito menos quando se actua de improviso. Mas a música tem sido sublime.
Levante-se o público. Faça-se ouvir a ovação. Somos já quarteto - fantástico, I might add!
Parabéns a nós, muitos anos de vida.
AMO-TE. E isso faz de mim uma pessoa melhor."
in o meu lado esquerdo, 2004
E o risco continua a valer a pena. Todos os dias.
© pedro_efe
Viste-me pela primeira vez era Verão. Viste-me, sim, que eu não reparei em nada nem ninguém. A faculdade tinha sido uma decepção. Como sempre, ponho expectativas demasiado altas nas coisas. Resolvi deixar de molho as Belas Artes, durante um ano, e entreter-me com outra coisa, e de preferência que rendesse algum dinheiro. Na altura, proliferavam cursos subsidiados pela CEE. "Vitrinismo" - não vou mais longe, vamos lá aprender a decorar montras e interiores.
O Verão nesse ano de 94 foi um bocado complicado. Andava meio à deriva, fiz o inimaginável...
Reencontrámo-nos um ou dois meses depois. Continuei sem reparar em ti, apesar de te ver diariamente. Um dia, sem saberes nem dares conta disso, lançaste-me um anzol. Tanta fricção não poderia ter dado noutra coisa... Acho que sempre foram assim as minhas paixões. Desdém, desdém, desdém, e trás, compra! "Playing hard to get" sempre me esteve no sangue, é feitio, não é defeito. Depois de uma declaração tempestuosa do Edson - "Estou obcecado por você" com sotaque brasileiro! - (uma pessoa oferece a mão, querem logo o corpo todo), eis que percebo o que não quero, e o que tinha andado a querer há semanas.
Sempre me foi difícil expressar o que sinto, falando. Mas no papel (whatever a sua forma ou material) dispo-me com o maior dos despudores. E foi assim, num fim de tarde de um qualquer dia de semana, que te deixei um pedaço de papel escrito - dentro de um livro, se não me falha a memória - e, ainda com algum pudor, nele transcrito: a man is in love... and he's me. E mainada!
Calculei que tivesses dado por ele, pois apanhaste-me à saída e pregaste-me um beijo. "Bem me parecia que vocês estavam juntos!" diz, subtilmente, o formador do módulo que então decorria, quando se preparava para entrar no elevador. Pelos vistos, toda a gente sabia, menos nós. Ou eu.
"Playing hard to get". Assim continuei durante mais algum tempo, agora já com alguma consciência disso, confesso. Sexo, aquilo que tu mais "apreciavas" - foram essas as palavras que me fizeram reparar em ti - foi coisa a que não tiveste acesso imediato. Nem a isso, nem a tanta outra coisa em mim, de mim. Foi um risco que corri, disseste-o várias vezes, mas antes no início, quando ainda está tudo muito superficial, do que depois. Ei!, 20 anos, que querias?!
E parece, ou melhor, definitivamente, o risco valeu a pena. Dez anos, um terço da minha vida dividido por ti, em ti, contigo. Com todos os clichés possíveis e imaginários...
Sempre me fez confusão aquela fórmula do 1+1=1 (afinal, era eu que queria ser pai solteiro!), mas de facto acabamos necessariamente por nos moldar, em conjunto, por nos fundir de uma ou outra forma. Fizeste-me mais forte, confiante, fizeste-me gostar de mim como eu não sabia, e consequentemente gostar do mundo à minha volta. Gostar a sério, sem barreiras. Ganhaste-me, fizeste-me ganhar-te, quando quase me perdi, nos perdi. Mais do que uma vez.
Não há pauta, as notas escrevem-se à medida que tocamos. Desafinamos por vezes, ninguém é perfeito, muito menos quando se actua de improviso. Mas a música tem sido sublime.
Levante-se o público. Faça-se ouvir a ovação. Somos já quarteto - fantástico, I might add!
Parabéns a nós, muitos anos de vida.
AMO-TE. E isso faz de mim uma pessoa melhor."
in o meu lado esquerdo, 2004
E o risco continua a valer a pena. Todos os dias.
© pedro_efe
da parcialidade
Faltam-me as letras. Escasseiam-me as palavras. Evaporam-se-me os pensamentos, as divagações.
Parte de mim fecha-se num marasmo, que aceito, mesmo que me inquiete. Não sei - eventualmente não quero - fazer-lhe frente. Deixo-me levar e entrego-me a ele. Sou naturalmente acomodado, com o que de bom e de mau isso possa trazer.
As esperas angustiam-me, e deve ser esta a forma que o meu mecanismo interno encontra de me anestesiar.
Por isso, aqui - ali? - ando, inspirando o Verão que se faz fraco mas que acalenta o espírito e o corpo, sobretudo o corpo.
Inspirando amantes, amados. Absorvendo prazeres, simples, despretensiosos, banais.
Deixo a onda enrolar-me, sabendo que é à areia que me entregará.
O resto... fica para depois.
© pedro_efe
Parte de mim fecha-se num marasmo, que aceito, mesmo que me inquiete. Não sei - eventualmente não quero - fazer-lhe frente. Deixo-me levar e entrego-me a ele. Sou naturalmente acomodado, com o que de bom e de mau isso possa trazer.
As esperas angustiam-me, e deve ser esta a forma que o meu mecanismo interno encontra de me anestesiar.
Por isso, aqui - ali? - ando, inspirando o Verão que se faz fraco mas que acalenta o espírito e o corpo, sobretudo o corpo.
Inspirando amantes, amados. Absorvendo prazeres, simples, despretensiosos, banais.
Deixo a onda enrolar-me, sabendo que é à areia que me entregará.
O resto... fica para depois.
© pedro_efe
pioneer to the falls
Show me the dirt pile
And I will pray that the soul can take
Three stowaways
Vanish with no guile
And I will not pay
But the soul can wait
The soul can wait
It's still pretty
What with all these weeks
We'll be fine
We'll be fine
But if it's still pretty
What with all these weeks
Will we find love
And supervise
Show me the dirt pile
And I will pray that the soul can take
Three stowaways
And you vanish with no guile
And I will not pay
But the soul can wait
I felt you so much today
Oh no, you try
You fly straight into my heart
You fly straight into my heart
Girl, I know you try
You fly straight into my heart
You fly straight into my heart
But here comes the fall...
So much for me believing that sorrow
So much for dreams we see but never care to know
Your heart makes me feel
Your heart makes me moan
For always and ever, I'll never let go
Always concealed
Safe and inside, alive!
Show me the dirt pile
And I will pray that the soul can take
Three stowaways
In a passion it broke
I pull the black from the grey
But the soul can wait
I felt you so much today...
INTERPOL, ontem no Coliseu
© pedro_efe
And I will pray that the soul can take
Three stowaways
Vanish with no guile
And I will not pay
But the soul can wait
The soul can wait
It's still pretty
What with all these weeks
We'll be fine
We'll be fine
But if it's still pretty
What with all these weeks
Will we find love
And supervise
Show me the dirt pile
And I will pray that the soul can take
Three stowaways
And you vanish with no guile
And I will not pay
But the soul can wait
I felt you so much today
Oh no, you try
You fly straight into my heart
You fly straight into my heart
Girl, I know you try
You fly straight into my heart
You fly straight into my heart
But here comes the fall...
So much for me believing that sorrow
So much for dreams we see but never care to know
Your heart makes me feel
Your heart makes me moan
For always and ever, I'll never let go
Always concealed
Safe and inside, alive!
Show me the dirt pile
And I will pray that the soul can take
Three stowaways
In a passion it broke
I pull the black from the grey
But the soul can wait
I felt you so much today...
INTERPOL, ontem no Coliseu
© pedro_efe
Le Ch'Efe - desejos
Moelas fritas
Não resisti a trazê-las comigo para casa. Olharam para mim, fresquinhas, da prateleira...
Temperei-as, depois de lavadas, com bastante colorau, alho em pó, uma folha de louro despedaçada, sal e limão.
Na frigideira, o azeite refogou dois dentes de alho bem picados, até dourar.
As moelas entraram na gordura bem quente, crepitando. Deixei-as fritar bastante, e quando o fundo da frigideira era já visível, reguei com um pouquinho de vinho.
Depois de evaporado, mas ainda com algum suco, tirei do lume.
Enquanto o jantar - sim, eram apenas o aperitivo! - terminava, fui debicando as moelas, ajudado por umas fatias de pão de Mafra e um tinto do Douro... Não chegaram à mesa.
© pedro_efe
Não resisti a trazê-las comigo para casa. Olharam para mim, fresquinhas, da prateleira...
Temperei-as, depois de lavadas, com bastante colorau, alho em pó, uma folha de louro despedaçada, sal e limão.
Na frigideira, o azeite refogou dois dentes de alho bem picados, até dourar.
As moelas entraram na gordura bem quente, crepitando. Deixei-as fritar bastante, e quando o fundo da frigideira era já visível, reguei com um pouquinho de vinho.
Depois de evaporado, mas ainda com algum suco, tirei do lume.
Enquanto o jantar - sim, eram apenas o aperitivo! - terminava, fui debicando as moelas, ajudado por umas fatias de pão de Mafra e um tinto do Douro... Não chegaram à mesa.
© pedro_efe
longa a espera
Sinto falta da "minha" casa.
Faltam-me as coisas, que embora me não façam falta à sobrevivência, dão mais ânimo à minha vida.
Sinto o cheiro de uma cozinha que não é a minha. A comida de pronto-a-comer tem sido a opção escolhida.
Na sala de estar não sei estar bem.
No quarto só o sono importa.
De tudo, só o essencial...
Ainda as obras não têm começo. Ainda tudo é relativo...
Sinto falta de ansiar chegar a casa. Não sei mais esperar por ela...
© pedro_efe
Faltam-me as coisas, que embora me não façam falta à sobrevivência, dão mais ânimo à minha vida.
Sinto o cheiro de uma cozinha que não é a minha. A comida de pronto-a-comer tem sido a opção escolhida.
Na sala de estar não sei estar bem.
No quarto só o sono importa.
De tudo, só o essencial...
Ainda as obras não têm começo. Ainda tudo é relativo...
Sinto falta de ansiar chegar a casa. Não sei mais esperar por ela...
© pedro_efe